domingo, 3 de junho de 2012
Compreendendo o Sistema de Zonas – Ansel Adams
O Sistema de Zonas é um método fotográfico
desenvolvido pelo fotógrafo oriundo de
São Francisco, Califórnia, Ansel Adams (1902-1984)
A sua ideia era bastante simples e inovadora: criar uma nomenclatura adequada para a luz. Adams era músico e sua vontade de transpor para a fotografia os tons de cinzas como notas musicais, deram origem à sua metodologia, que estabelece relações entre os vários valores de luz do objecto e suas respectivas escalas de densidades, registradas pelo negativo.
Em resumo, uma tecnologia inovadora, de baixo custo, que oferece ao fotógrafo a possibilidade de registrar, no papel fotográfico, os valores de luz desejados diante do tema a ser fotografado.
O que são “Zonas”?
Na natureza percebemos visualmente uma ampla variação de brilhos, incapazes de serem registradas pelo rolo fotográfico. Este diferencial se restringe nos negativos, a principio, em 10 tons diferentes que variam do preto até o branco da superfície do papel.
A diferença de amplitude de tons pode ser controlada mediante utilização do método do sistema de zonas. O processo consiste em compreender todas as características dos materiais fotográficos e manipulá-las com o propósito de se produzir verossimilhança.
Além da virtude de facilitar o registro da imagem metodicamente correta, este sistema possibilita a criação de outras, segundo o olhar e a interpretação da luz de cada autor. Conhecendo cada característica do processo, poderemos manipular seu respectivo resultado final. Obtemos, assim, cada tipo de efeito, satisfazendo uma opção estética. Entretanto, é necessário ter conhecimento de como alterar o processo padrão, objetivando o resultado desejado.
O primeiro passo deste trabalho é a “visualização da cena”: o fotógrafo deve exercitar um trabalho intelectual. Raciocina, sente e produz por meio de seu intelecto criativo, padrão cultural e experiência de vida, todos os elementos envolvidos no ato de criação da fotografia. Pode-se dizer que é a habilidade de se antecipar à imagem final em preto e branco ou mesmo em cores, antes de fotografá-la.
O devido controle das características do processo fotográfico permite ao fotógrafo explorar seu universo criativo. Para isso, é fundamental a compreensão e utilização de cada etapa. Deve-se evitar todo tipo de automação, não só das câmeras, mas também dos processos e tempos fornecidos pelos fabricantes, já que estes dados são obtidos pela média, tornando impossível a busca de resultados concretos, se permanecermos fixos apenas aos tempos médios fornecidos.
O conceito dos Tons.
A definição de zonas foi estabelecida de uma maneira sistemática, já que o rolo fotográfico reproduz uma infinidade de tons de forma linear. O espectro tonal do rolo foi dividido em 10 zonas e para cada uma destas zonas foi atribuída uma definição de como ela deveria ser representada na ampliação final.
Vamos simplificar o conceito original de Adams:
Zona Tons Observações:
0/- 5.0 – Preto máximo do papel fotográfico. Preto puro. I /-4.0 – Tom percebido com o preto, levemente diferenciado do –3.0. II/- 3.0 – Cinza escuro, limite entre o visível e invisível de texturas. III/- 2.0 – Primeiro tom de cinza escuro. IV /-1.0 Cinza Intermediário. V 0 Cinza médio padrão. Índice de reflexão 18%. VI/ +1.0 Cinza claro. VII/ +2.0 Tom de cinza mais claro, com percepção definida das texturas. VIII/ +3.0 Último tom de cinza claro, onde as texturas não são mais reconhecidas. IX/ +4.0 Branco máximo do papel fotográfico. Branco puro.
Podemos ainda subdividir esta escala em 0.5 ou até 0.3 pontos, limite de percepção dos rolos profissionais ou das câmaras digitais DSLR.
Inicie, fotografando uma placa de isopor branca, com luz difusa, sem sombras. Fotometre, procurando sempre manter o fotômetro em 5.6 e variando a velocidade. Exponha corretamente, seguindo fielmente a leitura do fotômetro. Obteremos assim valor “0”, Zona V (Cinza médio 18%).
A partir disto vamos abrir +1 ponto (f4). Assim, obteremos o cinza claro Zona VI.
Agora vamos abrir mais um ponto (f2.8), obtendo +2.0, l ao cinza mais claro, Zona VII.
Abrindo mais um ponto (f2), teremos +3.0, ou seja, último tom de cinza, Zona VIII.
Por fim, abrindo o último ponto (f1.4), + 4.0, atingiremos o branco puro, sem textura, Zona XIX.
Partindo da leitura normal do fotômetro f/ 5.6 (cinza médio), proceda do modo inverso, fechando de 1 em 1 ponto até atingir – 5 ou Zona zero e pronto! Teremos toda a escala real de tons que o rolo preto e branco ou colorido profissional consegue registrar.
Sempre que expomos a fotometria em EV ZERO, teremos o padrão cinza médio, também utilizado pelos fabricantes para aferirem seus respectivos sensores e a vasta gama de densitômetros digitiais.
Para o teste descrito acima, consideramos o perfil de cor da sua câmera em Neutro
O objetivo deste teste é compreender o modo que o sensor reproduz os vários tons conforme descrito. Mas lembre-se, ainda estamos a dar nosso primeiro passo.
Para cada aumento de densidade de um determinado tom claro teremos o equivalente de 1/3 de zona na região das zonas escuras. Na prática, isto representa que em determinado filme com revelação normal de 10 min., se revelado por 12 min., provavelmente uma área exposta em cinza médio, (0) Zona V ,irá aparecer como +1 Zona VI enquanto nas áreas escuras a variação será desprezível.
Tabela Comparativa entre os tons do sitema de zonas
e o hitograma do Photoshop (Levels)
ZERO é o preto absoluto e 255 a máxima densidade de BRANCO.
O sistema de zonas não serve apenas para registrar o tema fotografado com a “máxima fidelidade possível”. Com a aplicação deste método podemos representar uma determinada região de qualquer tonalidade, dependendo da interpretação desejada.
Esta é a grande diferença entre projeto e “acidente fotográfico”. Introduzimos apenas alguns métodos de como calibrar negativos. O processo ainda continua com a devida aferição do ampliador, papel fotográfico, respectivo processamento. No caso da fotografia digital, aferição do fotômetro, das configurações do menu da câmera, espaçoe perfil de coresm calibragem do LDC, monitores, histogramas, parâmetros, uso adequado do Photoshop etc.
Referencias : 1)The Negative, Ansel Adams – New York Graphic Society, Boston, 1980. 2) Fotografia em Preto e Branco, a Base da Fotografia Prof. Dr. Enio Leite – Editora Focus Escola de Fotografia, São Paulo, SP. Agosto 1994. 3) Fotografia digital – Aprendendo a fotografar com qualidade. Prof. Dr. Enio Leite, Editora Viena, São Paulo, SP, Maio 2011
Valdemar Traça
Dicas e sugestões básicas
Confira algumas dicas básicas para fotografar o que quiser.
1. Posicione a câmera, levando em consideração a melhor posição diante de qualquer luz ou seja em perspectivas diferentes, mais perto do chão ou a nível da nossa altura. Lembre-se que o assunto a ser fotografado, pode ou não ficar fora do visor, dependendo do efeito que desejar;
2. Observe, além do objeto a ser fotografado, se o que está ao redor vale a pena sair na foto. Cuidado com câmera que têm o recurso auto-foco, que centraliza a foto automaticamente
3. Enquadre a foto dentro do retângulo no visor ou no ecrã de sua câmera, lembre-se que muitas câmeras não têm 100% de cobertura ou seja tudo que aparece no seu visor pode ou não aparecer consoante a percentagem que tem a sua câmera ( verifique no seu manual sobre isso).
4. Segure firme a câmara (se puder apoiá-la em algum lugar, melhor) e tente não passar da velocidade de 1/60 seg. pois por norma abaixo dessa velocidade a hipótese de suas fotografias ficarem tremidas aumentam muito, se mesmo assim quiser fotografar abaixo dessa velocidade utilize um tripé e um cabo disparador para que os resultados sejam satisfatórios.;
5. Pronto. agora é disparar e esperar pelos melhores resultados.
Dicas úteis:
- A luz deve iluminar o que quer fotografar. Se não puder mudar a posição, use o flash;
- Evite usar flash automático quando tem a luz no sentido contrário;
- Para fotografar à noite, leve em consideração a distância que o flash da câmara aguenta e deixe a velocidade da câmara lenta ou seja tecnicamente falando as guias, quando maior for o número ( exemplo 60) mais alcance terá a mesma.
- Se a camera tiver o dispositivo contra olhos vermelhos, utilize-o. Ele aciona uma luz parecida com o flash
- Mantenha uma distância mínima de 1,5 metros do que quer fotografar e evite inclinar a câmara para fotografar algo que não esteja na mesma altura que a sua. Prefira se agachar ou subir em algo, esteja sempre ao nível do que quer fotografar ( salvo algumas excepções em que a veia artística fala mais alto e se sabe o que se está a fazer);
- Se tem tripé, use-o sempre que possível quando usar velocidades baixas ( como.expliquei no ponto 4);
- Use a regra dos terços, (tema que numa próxima edição poderemos aprofundar) as regras também podem ser quebradas, mas para o fazer teremos de a conhecer.
- Evite usar o zoom à noite , ela cria demasiados ruídos e estragam a sua foto (no caso de uma fotografia de longa exposição);
Qual é a luz ideal para fotografar?
Dê sempre uma volta ao refor do que quer fotografar, antes de apertar o botão. Repare de onde vem a luz do sol e dê as costas para ela. Assim seus alvos serão iluminados. A menos que tenha uma câmera digital com o dispositivo “contra-luz”, o qual dispara o flash na hora do clique. Ou dispare o flash (mesmo que seja dia). Já se quiser um efeito silhueta, no qual o objeto fotografado vira uma espécie de sombra preta, fotografe na contra-luz sem problema e não utilize nenhum dispositivo back light da câmera. Isso ocorre porque a câmera percebe onde há mais luz e se regula para essa intensidade. Daí, tudo o que for menos luminoso ficará escuro.
Como proteger minha câmera?
As objetivas com um filtro UV impedem os arranhões. Se for para a praia, rio ou cascatas, leve também uma mochila a prova de água e toalha. Assim, evitará o contato da areia e dos dedos molhados com a câmera.
O enquadramento é importante para tirar uma boa foto?
O melhor é ter criatividade. Para mudar o monótono esquema “linha do horizonte no meio da foto”, imagine o visor dividido em três partes iguais, na horizontal. Então, enquadre a linha do horizonte no terço inferior ( simplificado é a regra dos terços que mais acima vos falei). Assim, a imagem ganha amplitude. E preste atenção ao fundo, procurando limpá-lo. Por exemplo, ao fotografar uma pessoa, tente não fotografar com um poste ou árvore atrás, porque vai parecer que algo está a nascer em sua cabeça.
Fotografar de um bom ângulo é fundamental?
Se perceber que vai “cortar” a cabeça do fotografado ou que vai acabar por esconder o que pretende mesmo mostrar, mude de lugar antes de apertar o botão da câmera. Por exemplo, suba num lugar para ter visão panorâmica ou baixe-se para exibir o céu ao fundo.
Qual é o corte ideal de uma foto?
Tenha em mente que aquilo que a câmera fotografa não é exatamente o que vê no visor em alguns casos, ( também falado mais acima), pelo bom motivo de que a objetiva da câmera não está na mesma posição que seu olho. Esse desvio se chama paralaxe e, para compensá-lo, é preciso enquadrar sua foto dentro da linha tracejada que se vê no visor ( isto só acontece em câmeras mais antigas, as novas câmeras digitais muitas já vêem com os 100% relativo ao que vemos no visor e o que vai aparecer na fotografia) . Caso contrário, cortará a cabeça ou os pés de quem estiver a fotografar – fato, aliás, muito comum. Esta regra não vale para as câmeras profissionais reflex.
Existe melhor horário para fotografar?
O ideal para fotografar é o mesmo como ir a praia, até às 10 da manhã e depois das 3 da tarde, quando a luz está lateral e suave – e não clara e “dura”. Dentro do “horário proibido”, a câmera tende a fechar o diafragma, assim como as pessoas franzem os olhos quando o sol está forte. Por isso, os tons claros escurecem. Para fotografar pessoas, essa hora também é péssima, porque produz sombras de cima, que enfeiam os rostos. Caso este seja o único horário possível para a foto, use o flash para preencher as sombras.
Texto: Valdemar Traça
Não dê nas vistas!!!
"Opposed" by Eric Kim |
Aqui vão estar algumas dicas que podem ajudar quem se está a iniciar em Fotografia de rua. Algumas dicas podem ajudar também, quem já faz este tipo de fotografia, alertando para erros que se cometem sem se dar conta.
"Less is More"
Não dê nas vistas!!!
Ande bem vestido, mas com cores neutras e com poucos acessórios de maneira a não chamar a atenção para si. Um fotógrafo de rua quer fazer parte da multidão e não dizer a todos que está ali para os fotografar.
Não esconda a câmara. Use-a de uma forma natural.
Afaste a sua câmara o máximo possível do seu rosto. O ideal é estar ao nível da cintura.
Use uma alça de mão. Assim poderá transportar a sua câmara de uma forma mais casual . Além de ser mais rápido para fotografar, fica mais natural e a câmara fica mais dissimulada.
Não use uma lente de telezoom. Ao usar uma telezoom irá parecer um Sniper e irá dar muito nas vistas. Para os puristas quem usa uma tele, não está a fazer fotografia de rua, pois não se envolve com o que está a fotografar
Uma lente fixa até 50mm são as melhores. São pequenas, leves, luminosas, e passam despercebidas na frente da sua câmara. Faz também com que tenha que chegar muito perto do motivo a fotografar e assim se envolver com o motivo fotografado.
Bons cliques
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O que é Fotografia de Rua?
O que é Fotografia de Rua?
Fotografia de rua é fotografar a "Alma dos distraídos". Daqueles que se cruzam todos os dias e não reparam nos pequenos pormenores que os rodeiam.
Pormenores que fazem parte do nosso dia a dia e aos quais não damos muita importância. Seja um casal ou dois amigos que se encontram, uma pessoa sentada no banco do jardim, uma mulher defronte de uma montra, expressões, situações, etc... Apenas pormenores!
O fotógrafo que faz fotografia de rua deve ser alguém com um poder de observação muito grande, que repare nos pormenores que escapam aos outros no rebuliço da cidade e que seja muito rápido a reagir ás situações, pois tudo se passa numa fracção de segundo.
Para fotografar deve estar envolvido na acção e não deve interagir com os elementos a fotografar. As expressões devem ser naturais sem serem provocadas. Caso contrário passa a ser um retrato.
Ter em atenção que não deve confundir fotografia de rua com fotojornalismo.
Fotografar por exemplo uma manifestação não é fotografia de rua e sim fotojornalismo. Mas se fotografar um elemento em especial já passa a ser fotografia de rua.
Deve recordar este conselho de "Robert Capa".
"Se uma fotografia não está suficientemente boa, é porque não se aproximou o suficiente do elemento a fotografar."
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